DETURPAÇÃO DA VERDADE HISTÓRICA DA BATALHA DE CUITO CUANAVALE
1. Os factos históricos são infalíveis… tardam, mas vêm sempre ao de cima. Ligar a Batalha de Kuito Kwanavale com a liberação da África Austral é um autêntico disparate e falta de conhecimento sócio histórico. É preciso lembrar aqui aos lunáticos, céticos/fanáticos políticos da nossa praça, de que o Conflito Interno Angolano caracterizou-se no contexto da Guerra Fria, onde a ingerência das duas superpotências (EUA e URSS) foi notória. Não ousando, porém, confrontar-se diretamente, EUA e URSS apoiavam os seus aliados em conflitos regionais localizados, nos quais se enquadra a região da África Austral, fornecendo tropas, conselheiros e material de guerra.
2. Com a aprovação da Resolução 435/78 do CS das Nações Unidas, começava com grande ênfase a busca de uma solução diplomática, que visava em primeiro lugar a liberação da Namíbia e concomitantemente com as várias tentativas de acordos entre as partes angolanas em conflito, governo da República Popular de Angola e a UNITA ( acordos de Lusaka, Gbadolite, Nova York, Bicesse entre outros), visando de forma pacífica e diplomática resolver não só o conflito de Angola como também a plena pacificação da região da África Austral.
3. As transformações que começaram depois de 1985 na URSS, com a eleição de Mikhail Gorbachev, levaram ao abrandamento da Guerra Fria e do clima de conflitualidade entre os países Ocidentais e os países de Leste, criando assim perspetivas para uma solução pacífica do conflito regional que opunha a República Popular de Angola à África do Sul. Neste contexto a tensão militar foi transferida para a fronteira norte, onde a RDC ex República do Zaíre, se tornava recetora do material militar enviado pelos Estados Unidos à UNITA.
4. Foi neste clima, que no ano de 1989, o presidente Mobutu do Zaíre, reuniu em Gbadolite com José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro Savimbi na presença de vários chefes de governo e estadistas africanos. Esta reunião foi um fracasso, mas foi o cimentar dos acordos que se seguiram até chegar Bicesse.
5. Vale aqui dizer com veemência que o factor decisivo, que levou a Namíbia à independência e a estabilidade sociopolítica na região, deveu-se efetivamente a conjuntura de então: o fim da correlação de forças entre URSS e EUA. Não existem dúvidas de que o fim da Guerra Fria favoreceu a busca da paz e estabilidade na sub-região da África Austral.
6. Não houve vencidos nem vencedores - fomos todos galardoados com as mudanças vindas da terra de Mikhail Gorbachev.