terça-feira, 29 de junho de 2021

DETURPAÇÃO DA VERDADE HISTÓRICA DE CUITO CUANAVALEA DA BATAL

DETURPAÇÃO DA VERDADE HISTÓRICA DA BATALHA DE CUITO CUANAVALE
1. Os factos históricos são infalíveis… tardam, mas vêm sempre ao de cima. Ligar a Batalha de Kuito Kwanavale com a liberação da África Austral é um autêntico disparate e falta de conhecimento sócio histórico. É preciso lembrar aqui aos lunáticos, céticos/fanáticos políticos da nossa praça, de que o Conflito Interno Angolano caracterizou-se no contexto da Guerra Fria, onde a ingerência das duas superpotências (EUA e URSS) foi notória. Não ousando, porém, confrontar-se diretamente, EUA e URSS apoiavam os seus aliados em conflitos regionais localizados, nos quais se enquadra a região da África Austral, fornecendo tropas, conselheiros e material de guerra.
2. Com a aprovação da Resolução 435/78 do CS das Nações Unidas, começava com grande ênfase a busca de uma solução diplomática, que visava em primeiro lugar a liberação da Namíbia e concomitantemente com as várias tentativas de acordos entre as partes angolanas em conflito, governo da República Popular de Angola e a UNITA ( acordos de Lusaka, Gbadolite, Nova York, Bicesse entre outros), visando de forma pacífica e diplomática resolver não só o conflito de Angola como também a plena pacificação da região da África Austral.
3. As transformações que começaram depois de 1985 na URSS, com a eleição de Mikhail Gorbachev, levaram ao abrandamento da Guerra Fria e do clima de conflitualidade entre os países Ocidentais e os países de Leste, criando assim perspetivas para uma solução pacífica do conflito regional que opunha a República Popular de Angola à África do Sul. Neste contexto a tensão militar foi transferida para a fronteira norte, onde a RDC ex República do Zaíre, se tornava recetora do material militar enviado pelos Estados Unidos à UNITA.
4. Foi neste clima, que no ano de 1989, o presidente Mobutu do Zaíre, reuniu em Gbadolite com José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiro Savimbi na presença de vários chefes de governo e estadistas africanos. Esta reunião foi um fracasso, mas foi o cimentar dos acordos que se seguiram até chegar Bicesse.
5. Vale aqui dizer com veemência que o factor decisivo, que levou a Namíbia à independência e a estabilidade sociopolítica na região, deveu-se efetivamente a conjuntura de então: o fim da correlação de forças entre URSS e EUA. Não existem dúvidas de que o fim da Guerra Fria favoreceu a busca da paz e estabilidade na sub-região da África Austral.
6. Não houve vencidos nem vencedores - fomos todos galardoados com as mudanças vindas da terra de Mikhail Gorbachev.