sexta-feira, 7 de julho de 2017

A INSTALAÇÃO DO APARELHO POLÍTICO E ADMINISTRATIVO COLONIAL E AS CAMPANHAS DE OCUPAÇÃO



A instalação do sistema colonial português em África só foi acelerado no último quartel do século XIX, por quanto antes desse período o interesse pela conquista das terras africanas não fazia parte das preocupações das elites portuguesas. Com a independência do Brasil, em 1822 os portugueses viraram-se para o continente africano.
As comunidades africanas do território que hoje se chama Angola, rejeitaram violentamente as tentativas dos portugueses para submetê-los.
Entre 1900 e 1936, Portugal teria que empenhar-se com numerosas campanhas militares para sufocar de modo sangrento as rebeliões dos povos submetidos, como os bacongos, tchockwé, hereros, ovambos, ovimbundos etc que encheram de orgulho a heróica resistência anticolonial, como por exemplo:

A RESISTÊNCIA DOS POVOS DO KONGO E DEMBOS - A resistência dos povos no Norte (Congo e Dembos) deveu-se as práticas do aparelho político e administrativo colonial. As revoltas sucederam-se, tendo em conta a brutalidade com que se movia o sistema, desde a expropriação de terras, a cobrança de impostos, recrutamento de mão de obra para São Tomé e Príncipe, a política missionária pelo cristianismo católico de recrutamento... A única solução dos nativos era a opção da resistência, ou seja a via armada contra os invasores. Só em 1918 e 1919 é que os portugueses conseguiram dominar a revolta dos Dembos.
O período de 1913 – 1915 foi dos mais agitados a sangrentos na região com a grande revolta dos bakongos chefiados por Tulante Buta, baptizado com o nome Álvaro Buta (antigo aluno da missão protestante de São Salvador – Mbanza Kongo), contra o envio de contratados para S.Tomé. Esta revolta eliminou muitos oficiais portugueses e durou até 1917, foi tão violenta que os colonialistas foram obrigados a parar com a exportação de mão de obra.
No Kongo temos a destacar:
- A celebre batalha de Ambuila, liderada por Vita Kanga, baptizado por               António I, derrotado pelos portugueses e o seu corpo sepultado no local onde está instalada a igreja da Nazaré em Luanda;
- A revolta do Ambrige em 1925, contra a exportação clandestina de escravos, contra o pagamento de imposto e contra o trabalho forçado;
- A revolta dos Dembos dava-se em 1916 chefiada por Kakulo Kahenda.

RESISTÊNCIA  DOS POVOS DO PLANATO CENTRAL (1902 -1907), SUL E SUDOESTE DE ANGOLA
Em Abril de 1902 governava no Bailundo MUTU-YA-KEVELA, que preparou um exército para lutar contra os portugueses, chegando mesmo a conquistar algumas terras que estavam na posse dos portugueses e a interromper o comércio no planato do Bié. Perante esta situação os portugueses prepararam uma expedição composta por duas colunas militares. A coluna do Norte e a coluna de Kakonda, para derrotar as forças comandadas por Mutu-ya-Kevela que morreu em combate à 4 de Agosto de 1902.

No Sul de Angola os Kwanhamas (os Ovambos) atacavam uma coluna militar de portugueses encarregados de convencer a deixar vacinar o gado. As guerrilhas continuavam até 1904 ano em que uma coluna portuguesa foi derrotada. Em 1906 uma operaação de represálias arrasava as fortalezas dos Kwanhamas, mas a luta continuava até 1915, altura em que foi morto em combate Mandume (rei dos Kwanhamas – rei dos Ovambos).


As acções das comunidades africanas do território angolano, marcaram um longo período de resistência à opressão colonial portuguesa ao trabalho forçado, ao tráfico de escravos,  a expropriação de terras e a cobrança de impostos.

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