Tema 1 – A
CIÊNCIA HISTÓRICA
1.1 Conceito e objecto de estudo
A maior
riqueza do país são os homens e mulheres, porque são estes que fazem a
História, são eles os detentores da cultura. Assim deve ser fomentado o
espírito patriótico, a criatividade, a solidariedade, o respeito mútuo, e acima
de tudo um pensamento histórico e participado no desenvolvimento do país.
a)A História é a ciência dos homens
no tempo. b) É uma ciência humana, na medida em que
estuda o homem e a sua evolução ao longo dos tempos.
Segundo
Marco Cícero: c)«A História é o
testemunho dos tempos, a luz da verdade, a mestra da vida, a mensagem dos dias que não voltarão». d) Segundo
Henri Marrou «A história é o conhecimento
do passado humano».
·
O Homem
·
O
Tempo
O objecto da História
·
O
Espaço
·
As
Sociedade
1.2 A Função social da
História
Conhecendo o passado compreenderemos mais facilmente o
mundo em que vivemos, podendo assumir consciente e activamente o nosso papel de
homens e cidadãos de um país e de um mundo que queremos cada vez melhor: no
progresso, no bem estar, na justiça social. Porque a história somos nós que a
fazemos no dia-a-dia.
1.3. Metodologia da Análise
Histórica
A História só é ciência
na medida em que dispõe de um método específico que lhe permite
chegar ao
conhecimento do passado humano.
Esse método é constituído pelos processos técnicos que o
ciência coloca à disposição das do Historiador; é o conjunto de operações
intelectuais que vão da ordenação e avaliação das fontes à aplicação de ténicas
que nos permitem conhecer o objecto histórico.
As fontes constituem matéria-prima
da História. A primeira tarefa do historiador consiste precisamente na pesquisa
criteriosa das fontes históricas.
AS FONTES HISTÓRICAS
Entende-se como Fonte
Histórica todo o produto específico
da actividade humana, tudo o que testemunha o passado humano, qualquer que seja
a sua natureza – arqueológica artística, científica, etnológica, histórica
ou literária – ou a sua forma de transmissão – escrita, fotográfica, oral,
plástica, radiofónica ou visual. Podemos
assim concluir que todos os vestígios que testemunham a presença dos homens de
épocas passadas em determinados locais são documentos. Estes podem ser:
materiais escritos ou orais, e constituem as Fontes da História.
Fontes materiais – são as ruinas de construções
antigas, utensílios domésticos, armas, esculturas, barcos, moedas, que os
homens fizeram nos tempos antigos.
Fontes escritas – são todos os documentos escritos
quer sejam cartas, contratos, livros, leis, listas de impostos, etc., que as
antigas civilizações elaboraram e por feliz acaso chegaram até nós. Para sua
interpretação é necessário o conhecimento das várias escritas que os homens
inventaram nos vários pontos do mundo, como a hieroglífica, a cuneiforme, a
alfabética, a árabe, a chinesa, etc.
Fontes tradicionais
ou orais – são
narrativas transmitidas oralmente de geração em geração. A tradição oral faz
parte da vida das comunidades, é geralmente detida pelos mais velhos e depende
da estrutura política da sociedade estudada.
1.4 A Periodização, os
seus critérios e problemas
Ao
estudar História é necessário situar no tempo os acontecimentos; para isso, é
preciso ter um
ponto de partida para a contagem dos anos e séculos.
O historiador tem de localizar no espaço (lugar, região,
país, continente) e no tempo (dia, ano, século, era) o que reconstitui. Por
isso, preocupa-se sempre em situar com rigor os acontecimentos. Estes são colocados
pela ordem em que ocorrem e estabelecidos numa escala, a cronologia.
Os antigos Egípcios contavam o tempo a partir do reinado
deste ou daquele faraó; os Gregos a partir dos primeiros jogos Olímpicos; os
Romanos a partir da fundação da cidade Roma. Nos países de tradição cristã,
utiliza-se o nascimento de Cristo para localizar e medir o tempo. Fala-se
assim, de anos, décadas, séculos e milénios «antes de Cristo» (a.c) e «depois
de Cristo» (d.c.). Os muçulmanos contam o tempo a partir da «Hégira» (fuga de
Maomé de Meca para Medina) que corresponde ao ano 622 d.c.
AS CIÊNCIAS AUXILIARES
DA HISTÓRIA
Entre as ciências que podem ajudar o historiador, menciona-se
a Arqueologia, a Linguística, a antropologia, entre outras.
A Arquiologia estuda os restos das civilizações
passadas, enterradas no solo. Cemitérios ou locais de habitação, abandonados há
séculos, são escavados pelos arquiólogos que descrevem depois os objectos
recolhidos: vasos, utensílios e armas em ferro, ornamentos em cobre, ferro,
restos de comida como espinhas de peixe, conchas, ossos de animais domésticos
ou selvagens. O arquiólogo poderá pois informar o históriador que em tal lugar
e tal data viviam caçadores, pescadores
ou agricultores que conheciam técnicas como a metalurgia ou a cerâmica.
A Linguística ou estudo
das Línguas, permite
estabelecer o seu grau de parentesco, e provar que um grupo de línguas tem uma
origem comum, como é o caso das línguas bantu.
A Antropologia Cultural ou Etnologia estuda aspectos da vida cultural
e material das sociedades desde o tipo de vestuário, de rituais religiosos, de
danças, aos utensílios, à habitação –
permitindo-nos estabelecer comparação entre as diferentes sociedades actuais e
daí deduzir que no passado houve entre elas um certo tipo de relação (filiação,
contacto, migrações, dominação etc.)
Tema 2 – ANGOLA: O território e as populações
mais antigas
2.1 Vestígios Arqueológicos do Paleolítico e Neolítico
O Paleolítico abrange o
período da pedra, ou seja a era primitiva. Os homens do Paleolítico deixaram alguns vestígios
em Angola. Na Lunda, no Congo, no Kwangar e no deserto do Namibe foram
encontrados instrumentos de pedra e outros que testificam a presença nestes
lugares de homens do Paleolítico.
Os vários materiais arqueológicos, que retratam o passado dos
primeiros habitantes do território
angolano, foram encontrados nas estações
arqueológica de Tchitundo Hulo e no Kwando Kubango na estação arqueológica do
Kwangar. Segundo estudos efectuados, os materiais encontrados nessas estações
remontam a um período anterior à nossa era e que está ligado ao homem
KHOI-SAAN.
2.2 As comunidades
Humanas do Território: Os Khoi-saan e outros
Os Khoi-San são um grupo minoritário, localizado nas
províncias do Kwando Kubango e Cunene. Os Khoi-San são a primeira comunidade
humana conhecida à habitar o nosso território (Angola). Este grupo comporta os
Khoi-San ou Hotentotes e os Kunji, mais conhecidos como Kamusekele, também por Bosquímano (termo pejurativo e rejeitado por estes).
As guerras, as doenças, a fome e a exploração colonial
dizimaram os Khoi-Saan, por isso, eles são hoje muito poucos. Os Khoi-Saan não falam nenhuma língua Bantu.
Nunca formaram em angola reinos. Viveram sempre em tribos, dependendo das
ofertas da natureza, alimentando de frutas e raízes das árvores e vivendo da
caça. São de pequena estatura e por isso chamados Pigmóides, pertencentes a
família dos Pigmeus. São de cor acastanhada.
Os Khoi-Saan, actualmente vivem no sul de de Angola, Namíbia,
África do Sul e Botswana.
2.3 O processo de
sedentarização – a economia agrícola
Produzindo agora os
seus próprios alimentos, o homem já não necessita de se deslocar frequentemente
para os obter. Além disso, o trabalho na agricultura exige que ele se fixe à
terra. Após as sementeiras é necessário esperar pela época das colheitas.
Assim, o nomadismo do Paleolítico
dá lugar à sedentarização no Neolítico.
A economia de produção vai obrigar o Homem a fixar-se em
determinados locais favoráveis às suas actividades.
A economia de produção obrigava a uma maior conjução de
esforços para a execução de tarefas mais difíceis ou pesadas.
A medida que se processa o crescimento populacional, os
aldeamentos vão-se alargando e as habitações vão-se aperfeiçoando.
2.4 As Migrações Bantu
Com a descoberta dos metais e a fabricação de instrumentos em
metal provocou o desenvolvimento da agricultura e da caça e consequentemente,
os grupos tornaram-se numerosos. No entanto a produção era insuficiente, o que
provocou conflitos entre os diferentes grupos, razão pela qual alguns grupos
deslocaram-se em busca de outras regiões com melhores condições de vida.
Dominando a agricultura e a metalurgia, os diferentes grupos
Bantu, que habitaram provavelmente entre o rio Niger e o lago Tchad há milhares
de anos, caminharam para Leste e Sul do continente, alcançando as regiões dos
Grandes Lagos, o Planalto Luba e a bacia do Zaíre. Nestas deslocações,
fixaram-se em regiões que eram habitadas por outrospovos caçadores,
recolectores – os Pigmeus, na zona equatorial de áfrica e os Khoi-Saan, mais
para o Sul. Entretanto, o desenvolvimento dos Bantu obrigou os Khoi-Saan a
abandonarem as regiões em que habitavam e fixaram-se ao Sul do continente.
Distribuição
Territorial dos Povos de Angola
A República de Angola é um mosaico de povos, línguas e
sobretudo de culturas heterogéneas.
Do ponto de vista etnolínguistico a população de Angola
devide-se em vários grupos:
1. Os Bakongos
Ocupam maioritariamente a zona Norte entre o mar e o rio
Kwanza, concretamente a província de Cabinda, Zaíre e Uige.
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