segunda-feira, 28 de outubro de 2024

NOVA ET VETERA



A Igreja de Cristo é missionária, com olhar fito no homem e no seu resgate. O Papa Francisco vem trazer para nossa Igreja, a verdadeira essência do Cristianismo...
"... Só quem sofreu e experimentou dolores, pode compreender as vicissitudes do próximo..." O Papa sendo sul americano, vivenciou dolorosamente a verdade verdadeira do seu povo. É este Papa do Sul que vai revolucionar e dignificar a Igreja Católica dilacerada por tantos escândalos, principalmente nos últimos sete séculos.
Não estamos preocupados em sermos apelidados de católicos evangélicos... O mais importante é a promoção de uma Igreja adequada aos novos tempos!
Os vários Papas europeus (seus antecessores) levaram a Igreja Católica ao descrédito... É preciso resgatar a Santa Mãe Igreja!!!!!

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

NOSSA RESPONSABILIDADE MAIOR

Os professores de História do nosso Ensino Geral, têm a tamanha responsabilidade de HARMONIZAR Angola e os angolanos.

A clarificação real dos fatos que marcaram as várias etapas da história do nosso povo, deve ser efetivamente bem ensinada às novas gerações e sem tabus... Milhares de angolanos de diversos credos (socioculturais, políticos, religiosos etc.) contribuíram heroicamente para que hoje nos tornássemos independentes e livres da dominação colonial.

Não foi apenas obra de um homem que liderou a luta de liberação. Mas sim a Luta de Liberação que triunfou à 11 de Novembro de 1975, foi o contributo de muitos, inclusive de estrangeiros.

É urgente que se valorize e se enaltece todos aqueles (sem olhar a cores partidárias), que com o seu saber lutaram arduamente, para o fim do colonialismo em Angola e pela dignificação do nosso Povo.
A HARMONIZAÇÃO da nossa Angola depende muito de pequenos atos, que visam a exaltação dos nossos gloriosos heróis, dos quais se destacam aqueles que com bravura idealizaram a Luta de Liberação: Holden Roberto (pela FNLA), Agostinho Neto (pelo MPLA) e Jonas Savimbi (pela UNITA), entre outras figuras marcantes da história da emancipação do nosso Povo.

terça-feira, 22 de outubro de 2024

2.1.2 A INDUSTRIALIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

 

2.1.2. A Industrialização e o Desenvolvimento Tecnológico

A Revolução Industrial que teve o seu início na Grã-Bretanha entre 1755 e 1800, com a invenção da máquina a vapor e posteriormente, a partir de 1824, com a difusão da locomotiva, e que se alargaram depois a todo o continente europeu: 1º à França e Bélgica, depois à Alemanha, Itália e Rússia. Estes países com subsolos ricos em carvão e ferro, adoptaram a tecnologia inglesa e avançaram para sua industrialização, abalando assim a hegemonia britânica.

                

Fig.2 Indústria têxtil

Rapidamente a expansão industrial, com o surgimento do barco a vapor, vai atingir a outra margem do Atlântico e potenciar a rápida Industrialização dos Estados Unidos, que cedo acabam por atingir a liderança da produção mundial. Do outro lado do mundo, outra futura potência mundial, o Japão, inicia também a sua industrialização em finais do século XIX.

Foi a partir da segunda metade do século XVIII que as ciências exactas progrediram. A química deixa de se confinar ao laboratório e entra na fábrica (ao serviço da indústria), dando origem a uma infinidade de novos produtos industriais (adubos, corantes, alumínio, explosivos etc.…). Progressos na Física (grandes invenções): ondas de rádio, raios X, radioactividade, lâmpada eléctrica, telefone, telégrafo... No campo da medicina surgem as vacinas e os antissépticos.

As novas tecnologias revolucionaram tudo. O modo de vida das populações transforma-se radicalmente com a nova sociedade da comunicação e dos transportes. É assim que, a partir dos meados do século XIX, as expansões gigantescas dos transportes revolucionam as estruturas da economia e da sociedade.

2.1.4 A AFIRMAÇÃO DA URSS

No início da Primeira Guerra Mundial (1914), o czar Nicolau II reinava sobre um império multinacional (a Rússia) que, embora vasto, era muito atrasado.

Uma população maioritariamente camponesa. Todavia, na Rússia estavam a operar-se transformações resultantes de um processo de industrialização acelerada. Tal deu origem, nas principais cidades, ao aparecimento de uma classe operária que, explorada e mal paga, se estava a transformar numa poderosa força de luta contra o regime autocrático.

As ideias socialistas que se desenvolviam na Europa conquistaram os sindicalistas russos, os quais passaram a exercer uma grande influência.

A revolução triunfante de Outubro de 1917 conhecida também por Revolução Bolchevista, permitiu a criação do primeiro Estado Socialista capaz de transformar um país atrasado, como era a Rússia numa potência económica, passados pouco mais de vinte anos.

                              

Fig. 4 Revolução triunfante de Outubro 1917

A revolução que começou na Rússia estendeu-se progressivamente a outros territórios e repúblicas que se foram unindo em torno da República Russa. O objectivo era a conjugação de esforços com vista a recuperação económica, transformando-se numa força poderosa capaz de influenciar na situação internacional. Foi assim que em 1922 foi proclamada a criação do Estado Socialista Soviético Plurinacional – a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

 

 

A força da coesão e da entreajuda entre os povos deu uma aceleração inédita ao desenvolvimento de todas as repúblicas. Muitas delas operaram um salto de um atraso pré-capitalista para a civilização socialista.

 

Em 1939 a URSS, tornou-se a segunda potência industrial, a seguir aos Estados Unidos, e apostava no seu objectivo de se tornar a maior potência militar do mundo.

A estratégica usada pela URSS foi a planificação centralizada. Os resultados foram rapidamente visíveis. A produção do ferro, carvão, aço, electricidade e maquinaria aumentou extraordinariamente.

Isto explica como, ao eclodir a Segunda Guerra Mundial, a URSS já estivesse em condições de desempenhar um importante papel ao lado dos aliados e que, no fim da guerra, surgisse como uma das grandes potências vencedoras.

Quando se envolveu na guerra a URSS era ainda o único Estado comunista do Mundo. Depois da guerra, muitos milhões de pessoas viriam a ser governadas por este sistema, alargando-se as zonas de influência soviética a várias partes do mundo.

Em 1991, foi extinta a União das Repúblicas Soviéticas – URSS. O seu fim pacífico foi o resultado das transformações ocorridas dois anos antes, por iniciativa de Mikhael Gorbatchev, o último presidente deste enorme país, e que ficaram conhecidas por PERESTROIKA.

2.1.3 A ASCENSÃO DOS ESTADOS UNIDOS

 

                        

Fig.3 Símbolo da grandeza dos Estados Unidos

A rápida industrialização e a criação de impérios industriais criaram o mito da prosperidade permanente e do Anerican way of life (modo de vida americano) que fascinou o mundo.

Vários factores contribuíram para que os Estados Unidos se tornassem tão rapidamente numa potência, não obstante ter sido inicialmente uma colonia.

·        A dimensão do território

O rápido desenvolvimento económico dos Estados Unidos foi o resultado da conjugação de diversos factores desde a dimensão do território: o EUA tem uma superfície de 9.363.000 Km2, são excedidos apenas em superfície pela Rússia, China e Canada).

Apenas há 350 anos, o seu território pouco mais era do que um indómito deserto virgem, embora imensamente rico, quer no solo, quer no subsolo, ultrapassando a sua riqueza a de todas as outras regiões do Mundo.

·        O dinamismo demográfico

As da chegada dos europeus, a América dos Norte era povoada pelos Índios, que viviam em harmonia com a natureza, num sistema de nomadismo. De qualquer modo, o seu número era muito reduzido, face a dimensão do território.

Os primeiros colonos europeus chegaram a procura de espaço, de terra barata, de uma vida livre, de aventura e de fortuna. Procuravam uma nova sociedade onde o trabalho e o esforço fossem compensados. Levavam consigo a experiência do ‘’velho’’ mundo e a vontade de construir um novo mundo. Assim nasceu o sonho americano e o território americano passou a ser a terra da promissão.

Uma população culturalmente diversificada, que atinge um extraordinário crescimento natural, vai constituir um imenso mercado interno, cujas necessidades precisam de ser satisfeitas.

·        As redes de transportes e a mobilidade geográfica

A construção de redes de caminho-de-ferro vai constituir um factor estruturante do desenvolvimento dos EUA (estados Unidos da América).

A eficiente rede de transportes permitiu uma extraordinária mobilidade geográfica, favorecendo o domínio do espaço e o desenvolvimento económico.

·        O redimensionamento dos mercados e a rapidez da difusão científico-tecnológica

O imenso mercado interno foi a chave da industrialização dos Estados Unidos.

A sua população, sem acentuadas diferenças sociais e aberta às inovações, estava perfeitamente adequada a um consumo de massas, conseguindo escoar toda a produção das indústrias nascentes. Por outro lado, a rede de transportes permitia a mobilidade geográfica dos produtos e era factor de expansão do comércio.

·        Poder financeiro da indústria

A indústria é dominada por empresas gigantes, constituindo trusts e holding, que afectavam uma parcela significativa dos seus orçamentos à investigação.

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

1.2.5 O PROBLEMA DA MEDIÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

 

           - MEDIÇÃO DO NIVEL DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS PAÍSES

                              

 Fig.10 Classificação dos países segundo o DH

O índice da Renda per capita é uma medida simples e operacional, mas tem limitações e pode apresentar distorções. Por isso, vem se tentando melhorá-lo, aperfeiçoando as suas estimativas (como por exemplo, aditando-se nas comparações internacionais, indicadores calculados com base no método da paridade do poder de compra, ao invés das taxas de câmbio oficiais), seja complementando-o com outros indicadores como Educação (grau de alfabetização) e Saúde (expectativa de vida), para definir um índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou de qualidade de vida. Nem sempre os países com mais alta renda per capita são os de mais alto nível de qualidade de vida.  Repare por exemplo na Tabela abaixo, o Canadá está na 5ª posição do ponto de vista do Produto per capita, mas tem o 3º lugar em qualidade de vida. Já o Luxemburgo tem o 43º lugar em produto per capita, mas ocupa a 19ª posição em termos de qualidade de vida.

O quê então o IDH (Indicador de Desenvolvimento Humano)? É uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do Desenvolvimento Humano: RENDA, EDUCAÇÃO E SAÚDE. O objectivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão económica do desenvolvimento. 

TABELA DO RANKING DE ALGUNS PAÍSES SEGUNDO O DESENVOLVIMENTO HUMANO   

  Fig.11 Refº ao Ano de 2015

Posição na classificação

Países Classificados de acordo com

        Produto per capita

                 IDH

1º  
2º 
3º 
4º 
5º 
6º 
8º 
9º 
14º
18º
19º
20º
28º
33º
35º
43º
46º
60º
74º
75º
90º
116º
149º


ESTADOS UNIDOS
CHINA
JAPÃO
ALEMANHA
CANADA
REINO UNIDO FRANÇA




NORUEGA

ÁFRICA DO SUL
ISRAEL
PORTUGAL





ANGOLA

NORUEGA
AUSTRÁLIA
CANADA
SUÍÇA
DINAMARCA
PAÍSES BAIXOS
ALEMANHA
ESTADOS UNIDOS
REINO UNIDO
ISRAEL
LUXEMBURGO
JAPÃO
FRANÇA 

PORTUGAL




BRASIL

CHINA

África DO SUL
ANGOLA


 

Em 1995, o relatório do Desenvolvimento Humano introduziu o Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Género ou sexo (IDG) (IDS) e a Medida de Participação Ajustada ao Género (MPG), são medidas que refletem as desigualdades entre os sexos no Desenvolvimento Humano.

O IDG ajusta a realização média em cada país em esperança de vida, nível educacional e rendimento, de acordo com as disponibilidades entre as mulheres e os homens. Considera-se assim a desigualdade em função do sexo.

                               

                                            Fig.12 Tabela de ranking de Igualdade de gênero de 2017

A MPG procura medir a aquisição relativa de poder por mulheres e homens nas esferas da actividade política e económica, permitindo avaliar se as mulheres têm ou não condições para participar activamente na vida política e económica do país.

No relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) de 1997 foi introduzido o conceito de Pobreza Humana e construiu um índice composto para medir o índice de Pobreza Humana (IPH) países em via de desenvolvimento que tem haver com a privação de elementos essências da vida humana, como por exemplo: baixa da duração da vida humana, não acesso ao conhecimento e ao rendimento.

Constatou-se também que não são os países mais ricos que estão melhor colocados neste índice. Por isso no relatório de 1998 avançou-se com um índice para medir a Pobreza Humana nos países industrializados, a que foi dada a designação de IPH2 (o anterior passou a designar-se por IPH1).

·        Outras caracterizações:

- Os novos países Industrializados (NPI);

- Países Desenvolvidos (PD);

- Países Industrializados (PI);

- Países em via de Desenvolvimento (PVD);

- Países Menos Avançados (PMA);

- Terceiro Mundo.

1.2.6. Desenvolvimento Regional e Local

Uma economia nacional só é forte se não existirem desequilíbrios no desenvolvimento das regiões. O desenvolvimento do país é melhor alcançado através da regionalização. Nisto o desenvolvimento do país seria uma consequência do desenvolvimento regional.

                                                  

                                                           Fig.13 Desenvolvimento Regional

A problemática ligada ao desenvolvimento regional, caracterizam-se em duas visões opostas: a Visão Funcionalista e a Visão Territorialista

1-A Visão Funcionalista tem haver com conceitos de crescimento ligados nos modelos tipo “centro-periferia”, tendo como preocupação os aspectos, ou seja, as grandes metas macroeconómicas.

2-A Visão Territorialista, tem haver com pressuposto de “integração territorial de desenvolvimento” refere-se a um conjunto de iniciativas inovadoras, que pretendem dar respostas as insuficiências da política de desenvolvimento regional, que consiste na resolução das necessidades essências da localidade.

As políticas de desenvolvimento regional, são consideradas fundamentais no combate às assimetrias entre as regiões.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

GOVERNAR É SERVIR... GOVERNAR É SERVIR

 

                            


Os angolanos celebram no próximo ano de 2025, 50 anos de sua independência, num mar carregado de incertezas, mas firmes na esperança... uma esperança alimentada pela embalagem da Administração de João Gonçalves Lourenço. Fala-se tanto dos ganhos da independência, mas na verdade existem inverdades nesta questão - desvios de fundos públicos, obras descartáveis e super facturadas, ensino arcaico, saúde enferma, mais 70% dos jovens angolanos estão no desemprego e postos à uma situação de precariedade, mediocridade, de zunga e de total indigência... Quando vemos chineses a fazerem todo tipo de trabalho, mesmo aquele de mão de obra não qualificada.

É com profunda inquietação que silenciosamente continuamos a acompanhar a entrada em solo angolano de west africanos, chineses, vietnamitas, portugueses, congoleses, entre outros e muitos destes inseridos no nosso mercado de trabalho, como... sinceramente não sei!!! Só sei, que muitos professores portugueses sem emprego em Portugal, estão dando aulas nas nossas escolas, quando milhares de professores angolanos estão no desemprego, passando-se o mesmo noutros sectores. As empresas chinesas em Angola não vieram trazer mais valias, isto por culpa de acordos e contratos feitos sem ter em conta o bem comum (Angola e os angolanos), mas de grupos e de indivíduos identificados.

O povo que vivia no escuro, vê no fundo do túnel uma luz que se advinha poder brilhar. Haver vamos... Deixemos de pataratices!

SERÁ QUE AS NOSSAS ZUNGUEIRAS TÊM MESMO OS DIAS CONTADOS OU É UMA ENCENAÇÃO?

 

O ordenamento do comércio em Luanda não será possível muito menos eficaz com medidas repressivas, mas sim com políticas de inclusão socioeconómicas: 1. Na agroindústria aumentar a produtividade, fixar preços mínimos para os produtos, baixar as taxas de juro do crédito bancário e diminuir os impostos; 2. No combate ao desemprego desenvolver um programa de grandes obras públicas, como barragens, estradas, pontes, e edifícios públicos (desta forma cria-se novos postos de trabalho e relança-se as empresas); 3. No domínio social desenvolver uma política de redistribuição dos rendimentos tendo em atenção os mais pobres, fixar o salário mínimo justo e compatível ao nível de vida, criar subsídios de desemprego, de velhice, de doença e de invalidez.
No meu entendimento com estas medidas será possível termos uma nova Angola, mas atenção, se todos caminharmos na mesma direção.

FÓRMULA POSSÍVEL PARA A SAÍDA DA CRISE ECONÓMICA QUE ENFERMA ANGOLA E OS ANGOLANOS

 

Aumentar o Consumo e Dinamizar a Economia, para tal é necessário diminuir o desemprego, com o objetivo de aumentar o poder de compras… A retoma do consumo levaria à recuperação da economia. Para tal são precisas implementar uma série de medidas, entre as quais o fomento agroindustrial, baixar as taxas de juro do crédito bancário, diminuir os impostos que penalizam a qualidade de vida das famílias e das empresas, aposta na construção de grandes infraestruturas: estrada, aeroportos, portos de águas profundas, caminhos de ferro, centralidades bem estruturadas (com escolas, creches, hospitais, centros comerciais, salas cinemas administração pública, entre outras infraestruturas), ajuda financeira as famílias mais vulneráveis, subsídios de desemprego, de velhice, de doença e de invalidez.

As regras da ciência económica são claras, no que diz respeito a resolução da qualidade de vida do nosso povo. Governar bem, significa administrar com qualidade o património de todos nós, e a satisfação das necessidades básicas das nossas populações.

NUVENS ESCURAS EM ANGOLA E A BUSCA DA NOVA AURORA

 Lamentavelmente, pouco ou nada se fala dos passivos amargos (das páginas negras) que marcaram a nossa jovem história, como país... os assassinatos ocorridos durante a luta de libertação (Kinkuzo, Dolozi e nas Chanas do Leste), os acontecimentos do pós Alvor, os actos de barbárie do 27 de Maio de 1977, os traumas da guerra civil, a sexta-feira sangrenta (Janeiro de 1993), os conflitos ligados à estratificação sociocultural dos nossos povos - só para lembrar que num passado recente, tínhamos uma certa elite (na era colonial) trajada de assimilada, hoje na Angola independente de neocolonialistas... Vale com profundeza reflectir e concluirmos quão importante é falarmos das nossas macas sem tabus.

Segundo Laura Pawson, jornalista e escritora britânica, entrevistando Teresa Cohen, então vice-ministra da Saúde, esta dizia a dado momento que se considerava europeia, não se sentindo confortável em ser considerada africana. É momento de nos sentarmos todos e sem escamas nos olhos, redefinirmos a Pátria de todos nós - angolanos sem distinção: sejam eles vindos (de origem) do Congo, de Portugal, e Cabo Verde, de S. Tomé, de Damão, Dio e Goa, de Timor Leste, Macau, de Moçambique, etc.

A grandiosidade da nossa Angola depende muito das sinceras valências dos povos que ontem e hoje compõem o nosso vasto mosaico socioracial e cultural. Deixemos de nos enganar e de mãos dadas edifiquemos uma nova Angola - onde o angolano vale por ser e não por ter.

TRANSPARÊNCIA & TRANSPARÊNCIA

O país vive uma situação de extrema escassez de divisas, que impede a dinamização de projectos pré-programados... Ao mesmo tempo constatamos por parte de organismos do Estado, um grande desperdiçar de sinergias necessárias para o alavancar da nossa economia e na criação de condições que possam promover o bem estar do nosso povo. Perante esta dura situação, pela qual fomos propositadamente empurrados, ainda não escutamos esclarecimentos por parte das nossas elites governamentais: como está o controlo do nosso endividamento, assim como medidas práticas e exequíveis que visam a superação da crise em que nos encontramos.



terça-feira, 24 de setembro de 2024

ILÍDIO MACHADO: GRANDE NACIONALISTA E PRECURSOR DA UNIDADE NA LUTA ANTICOLONIAL (Por Anastácio Ruben Sicato)

 

Ilídio Tomé Alves Machado foi uma grande figura do nacionalismo angolano! Nasceu em Luanda, em 1914 e faleceu em 1983. Era funcionário dos CTT (Correios), tendo chegado a ser seu Director Geral.
Com Viriato da Cruz, funda o PCA (Partido Comunista Angolano) e o PLUAA (Partido de Luta Unida dos Africanos de Angola). Em 1956, com Viriato da Cruz, Ilídio Machado foi co-subscritor do famoso MANIFESTO do PLUAA, que mais tarde (1960) ficou conhecido como sendo o Manifesto do MPLA. Ilídio Machado foi também o fundador do MIA (Movimento para a Independência de Angola).
Em 1959, foi preso pela PIDE, por estar em contactos com vários outros nacionalistas: Lúcio Lara, Matias Miguéis, Agostinho Neto, Padre Joaquim Pinto de Andrade, Padre Alexandre do Nascimento e muito outros.
Em 1959, apercebendo-se de que a existência de vários partidos e movimentos dificultavam a independência de Angola, Ilídio Machado decidiu criar o MLNA (Movimento de Libertação de Angola). Para tentar coordenar a luta de libertação, em Maio de 1969, vai a Lisboa, onde a 27 de Maio foi preso pela PIDE e enviado para o Tarrafal. Foi libertado em Outubro de 1970.
Portanto, na década de 50, em toda a sua carreira política, em nenhum momento lhe apareceu o MPLA. Como poderia dirigi-lo? O que é verdade é que Ilídio Machado queria que houvesse um movimento aglutinador dos diferentes partidos angolanos existentes.
No final de Janeiro de 1960, reúne-se em Tunes, a II Conferência Pan-Africana. Na I Conferência Pan-Africana de Acra, Holden esteve sozinho a representar Angola. Mas, para os nacionalistas da Liga Africana e da Casa dos Estudantes do Império, Holden era um “outsider”, pois não era da linha de Lara, Viriato, Neto e outros, que com outros activistas que tinham passado pela Casa dos Estudantes do Império pertenciam ao MAC (Movimento Anti-Colonial). É assim que para esta II Conferência de Tunes, esses activistas fizeram-se presentes e o fizeram em nome do MAC, uma organização supra nacional.
De facto, quando Viriato da Cruz vai para essa II Conferência Pan-Africana de Tunes, ele leva para os outros camaradas o nome MPLA inscrito no Manifesto do MAC que tinha sido tirado de uma expressão do MANIFESTO do PLUAA, onde se defendia um “amplo movimento de libertação de Angola”. Esse documento tinha sido trabalhado por Viriato da Cruz nos últimos meses de 1959 e o mesmo tinha sido corrigido por Lara e por Mário de Andrade. É aí onde nasce o nome MPLA e quem o criou foi o grande Viriato da Cruz!
Porque foi necessário fazer nascer o MPLA em 1956? Apenas, para ser vendido – numa operação de marketing que durou décadas – como tendo sido criado antes da UPA! Em 1958, na I Conferência dos Povos Africanas de Acra (Gana), a conselho de Frantz Fanon e de nacionalistas dos Camarões, Holden Roberto mudou o nome de UPNA (União das Populações do Norte de Angola), criado em 1957, para UPA (União das Populações de Angola). Nessa I Conferência, como angolano, ele esteve sozinho, como poderia representar só o Norte de Angola? Fazendo passar a ideia de que tinha sido criado em 1956 em Angola, o MPLA ganharia sobre a UPA a anterioridade (1956 contra 1958) e a interioridade (Luanda versus Leopoldville!).
Com tudo isso, fica claro que Ilídio Martins nunca foi Presidente do MPLA. Porém, ele foi – sem nenhuma dúvida – um dos grandes nacionalistas do nosso país nos anos 50.
Vários autores debruçaram-se sobre este tema, como Edmundo Rocha, Carlos Pacheco e Jean Martial Arsene Mbah. Recomenda-se a sua leitura.