quarta-feira, 14 de junho de 2017

A ÁFRICA NA ERA DO TRÁFICO DE ESCRAVOS

1- ÁFRICA NA HISTÓRIA MUNDIAL ANTES DO TRÁFICO

A partir do fim do século XI até ao final do século XVI, a África produzira civilizações que se destacaram pelo seu nível de organização, política, social e económica e pela sua vida cultural.
Mas nos finais do século XVI, o sentido da história africana mudou brutalmente quando a Europa exactamente na mesma época entrou em período de expansão económica e geográfica, passando a interferir na evolução das sociedades africanas de uma forma que se foi acentuando nos séculos seguintes.

Do século XVI ao século XVIII, a África foi teatro de um dos maiores genocídios que a história da humanidade registou: milhões de africanos foram arrancados violentamente das suas terras e do seu meio social, ou pereceram, para enriquecer uma burguesia mercantil, sedento de ouro e outros produtos preciosos. 

É este período que se designou chamar-se ERA DO TRÁFICO. O tráfico de escravos foi o factor essencial da história africana durante este período (XVI - XVIII). Enquanto para os europeus, especialmente para suas classes dominantes, o tráfico significou ouro, marfim, especiarias, açucar e tabaco, para os africanos significou grande martírio.

Os principais Estados pré coloniais antes da Era do Tráfico foram os Reinos do Ghana, Mali, Songhai, Benin, Haussa e Congo. Vale dizer que os primeiros contactos entre os réis da Europa e da África foram contactos de igualdade e de aliança. As relações diplomáticas estavam intimamente ligadas as relações comerciais. O sentido destas relações mudaram a partir do momento em que a Europa começou a ter influência sobre a África.

A Europa estava num período de grande crescimento económico e precisava de uma grande mão de obra para o funcionamento da sua economia e este factor motivou o interesse pelo tráfico.

2- CONSEQUÊNCIAS DIRECTAS DO  TRÁFICO DE ESCRAVOS 

O tráfico negreiro, que deu origem ao  circuito comercial entre os três continentes - Europa, África e América - trouxe consequências negativas, principalmente para o continente africano, no domínio Económico, Sócio-político, Cultural e Demográfico.

a) Consequências Demográficas- o tráfico de escravos poderia ter conduzido ao desaparecimento total da raça negra, pois os métodos praticados contribuíram para o despovoamento do continente africano. o tráfico levou para fora do continente mais de metade da sua população, sobretudo homens fortes e saudáveis;
b) Consequências Económicas- O tráfico negreiro despojou o continente de suas forças mais vivas, que davam estabilidade económica, sofrendo assim um grande abalo, e porque muitos reinos enfraqueceram em consequência do tráfico;
c) Consequências Sócio-políticas- O tráfico destruiu a vida sócio-política dos antigos reinos ou impérios, contribuindo para o desaparecimento dos mesmos, como por exemplo: o Songhai, Benin, Kongo, etc... no seu lugar, surgem pequenos estados independentes, rivais uns dos outros. Passou a vigorar a lei segundo a qual quem tivesse mais armas de fogo e fosse capaz de dominar os povos vizinhos.

CONSEQUÊNCIAS DO TRÁFICO DE ESCRAVOS EM ANGOLA

Foram várias as transformações ocorridas em Angola, para as quais contribuíram a intervenção direita e indirecta dos portugueses. As regiões do Kongo, Ndongo, do Planalto, Cuango e Benguela foram devastadas pelo tráfico. Calcula-se em cerca de mais de três milhões, o número de escravos que foram levados das costas de Angola para os portos de S.Tomé e das Américas.
O tráfico entre os séculos XVI e XVIII provocou em Angola os seguintes efeitos:
* a troca de produtos africanos e escravos por produtos europeus;
* graves perdas na população que habitava o território que constitui actualmente Angola;
* deslocação dos povos com o fim de se protegerem das guerras de kwata-kwata;
* enfraquecimento da organização social dos povos directamente atingidos pelo tráfico.    


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