segunda-feira, 24 de julho de 2017

2.4. A QUESTÃO DO TERCEIRO MUNDO


A expressão terceiro mundo foi utilizado pela primeira vez em 1952, pelo demógrafo francês Alfred Sauvy. Com esta expressão pretendeu designar os países cujos níveis de vida eram muito inferiores aos países capitalistas e os países socialistas desenvolvidos, também a um conjunto de países que ocupam uma vasta área do sul do planeta, os quais apresentam baixos níveis de desenvolvimento.
Os países do Terceiro Mundo apresentam características socioeconómicas comuns:
- Baixo rendimento per capita;
- Alta mortalidade infantil e permanência de doenças endémicas e epidérmicas;
- Subalimentação (níveis inferiores a 2000 calorias e carências de proteínas);
- Elevado crescimento demográfico;
- Predomínio do sector agrícola, com sistema de cultivo rudimentar, sem adubação e sem mecanização e com escassa industrialização;
- Analfabetismo;
- Carência de quadros técnicos qualificados na administração e na produção e falta de transportes modernos.
2.4.1. OS REFLEXOS DA (DES) COLONIZAÇÃO
O Terceiro Mundo ( o subdesenvolvimento) é o resultado da colonização e de uma descolonização imperfeita. Esta deixou dificuldades e problemas de vários tipos.
As sociedades descolonizadas herdam um conjunto de problemas, como a desintegração dos seus sistemas sócias, um forte crescimento demográfico, a desarticulação da sua economia rural tradicional e um forte êxodo rural.
As relações de dependência económica face aos países industrializados resulta em grande parte, de uma herança das relações da era colonial que lançaram as primeiras raízes da desintegração das economias autóctones inseridas estas regiões na economia mundial.
2.4.2. OS FLUXOS NORTE/SUL
A origem do antagonismo Norte/Sul encontram-se no grande desequilíbrio nas relações comerciais, que fazem com que os países subdesenvolvidos e em via de desenvolvimento se tornem contribuintes líquidos dos países desenvolvidos e industrializados.
Os défices comerciais que levaram muitos países do Sul a endividarem-se, resultam da desigualdade dos termos de troca no mercado mundial entre produtos transformados de maior valor (Norte) e os produtos de base, ou seja, as matérias-primas (Sul) de menor valor relativo.
Os desequilíbrios nas trocas Norte/Sul têm vindo a agravar-se pela diminuição da procura internacional de matérias primas, assim como as barreiras que os países desenvolvidos colocam à importação de produtos transformados.

2.4.3. AJUDA INTERNACIONAL AOS PAÍSES DO TERCEIRO MUNDO
A ajuda aos países do Terceiro Mundo têm como objectivos:
·         Compensar as elevadas dívidas externas (que possuem estes países devido aos défices comerciais elevados e frequentemente em crescimento);
·         Melhorar o nível de vida destes países (projectos de grande envergadura, ex: construção de grandes estradas, aeroportos,viadutos, portos, etc...);
·         Ajudar a população afectada por calamidades naturais (ex: inundações, terramotos, estiagem, etc...).
Ajuda Internacional pode ser prestada sob a forma de Dádiva ou Empréstimo à juros mais baixos.
Os tipos de Ajuda distinguem-se em:
·         Ajuda Bilateral (de um país para o outro);
·         Ajuda Multilateral (quando vem de organizações Internacionais, agências da ONU: FMI, Banco Mundial, etc...);
·         Ajuda Voluntária (a cargo das Organizações Não Governamentais).

2.4.4. DO MOVIMENTO DOS NÃO ALINHADOS AO PROJECTO NOEI
A quando da sua independência política, muitos países afro-asiáticos optaram por uma política de Não Alinhamento. Defendiam a neutralidade face às grandes potências (E.U.A. e URSS). Surgiu assim, o Movimento dos Países Não Alinhados, criado em Setembro de 1961, na conferência de Belgrado.
Os protagonistas e fundadores do Movimento dos Países Não Alinhados foram o presidente Nasser (Egipto), o primeiro ministro Nehru (índia) e o marechal Tito (Jugoslávia).
Contudo, o Não Alinhamento raramente foi conseguido pelos novos países. Dse facto, quer os EUA (Estados Unidos da América), quer a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) continuaram a influenciar os novos estados, por força da ideologia, em alguns casos, e por pressões económicas e políticas, noutros.
Após concluída a maior parte das descolonizações políticas, começa a generalizar-se a ideia de que era necessário alterar as regras de jogo na economia mundial por forma a vencer o subdesenvolvimento.
Com as Conferências Norte/Sul, os países do Terceiro Mundo forçam os países industralizados e desenvolvidos ao dialogo.
Na Assembleia Geral das Nações Unidas, convocada a pedido da Argélia, aprova por larga maioria em 1974 a carta dos Deveres e Direitos Económicos dos Estados, que consagra os princípios para uma Nova Ordem Económica Internacional (NOEI), que consistia na defesa dos Direitos Humanos e da Paz, ideias estas apoiadas por todos (pelos governos), quer por parte das organizações Não Governamentais (ONG).

2.4.5. OS NPI DA ÁSIA: Factores de sucesso e limitações
As semiperíferias que registaram maior e mais rápido sucesso na sua industrialização foram os NPIs do sudeste asiático. Primeiro os quatro (4) dragões: Coreia, Taiwan, Hong-Kong,e Singapura, já hoje seguidos por outros países como a Indonésia, Malásia, Tailândia e China e nos anos 90 do século XX pela Índia e Paquistão, cujas indústrias concorrem já em muitos domínios com os dos países desenvolvidos.

FACTORES DE SUCESSO DOS NPI DA ÁSIA:
1.      Condições geográficas favoráveis (facilidade para prática da agricultura, vastas matérias primas...);
2.      Características de mão-de-obra (mão de obra abundante, disciplinada, com baixos salários);
3.      Ênfase na Educação (grande aposta na educação, reforma adaptada a realidade);
4.      Forte enquadramento político do Estado (preponderância da acção do Estado na política económica: medidas fiscais, taxas...);
5.      Empenhamento nas exportações com o propósito de conquistar o mercado externo com vista a conseguir devísas.

2.4.6. OS NPI DA AMÉRICA LATINA E DA ÁFRICA
América Latina respondeu à crise do capitalismo (anos 30 do século XX) com estratégias de industrialização por substituição de importações.
·         Da indústria de bens de consumo, passaram para indústria pesada e a produção de bens douradouros nos anos 50 do século XX;
·         Abertura ao investimento das empresas multinacionais;
·         Nos anos 80 do século XX a democracia deu passos significativos. Os governos eleitos converteram-se ao liberalismo económico.
O Brasil, o México e o Chile são os NPI mais bem sucedidos da América Latina, seguindo-se a Argentina. As associações regionais de comércio livre, como o MERCOSUL estimularam a cooperação Sul/Sul.

O continente africano, em particular a África Austral, apesar dos elevados níveis de pobreza e dos governos corruptos, está lentamente a mudar. Um punhado de países de que se destacam a África do Sul, Botswana, as Maurícias e o Uganda, apresentam taxas de crescimento assinaláveis e servem de exemplo e de incentivo às economias da região no sentido da mudança.

N.I. O Botswana a quando da independência em 1966 tinha um PIB per Capita que subiu de 393 USD em 1981 para 4150 nos dias de hoje. 








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