domingo, 30 de novembro de 2025

ÚLTIMA CARTA DE PATRICE LUMUMBA À SUA ESPOSA ANTES DE SER ASSASSINADO PELO SERVIÇO SECRET DA BÉLGICA E EUA

 


Minha querida esposa,


Escrevo-lhe estas palavras sem saber se elas chegarão até você algum dia, ou se estarei vivo quando você as ler. Ao longo da minha luta pela independência do nosso país, nunca duvidei da vitória da nossa causa sagrada, à qual eu e os meus camaradas dedicamos toda a nossa vida. Mas a única coisa que queríamos para o nosso país era o direito a uma vida digna, à dignidade sem pretensões, à independência sem restrições.

Isso nunca foi o desejo dos colonialistas belgas e de seus aliados ocidentais, que receberam, direta ou indiretamente, abertamente ou dissimuladamente, o apoio de alguns altos funcionários das Nações Unidas, o órgão no qual depositamos toda a nossa esperança quando lhe pedimos ajuda.

Eles seduziram alguns de nossos compatriotas, compraram outros e fizeram de tudo para distorcer a verdade e manchar nossa independência. O que posso dizer é que isto — vivo ou morto, livre ou preso — não é uma questão pessoal minha. O essencial é o Congo, o nosso povo infeliz, cuja independência é pisoteada. É por isso que nos prenderam e nos afastaram do povo. Mas a minha fé permanece indestrutível.

Sei e sinto no fundo do meu coração que, mais cedo ou mais tarde, o meu povo se livrará de todos os seus inimigos internos e externos, que se levantará como um só homem para dizer não ao capitalismo degradante e vergonhoso e para recuperar a sua dignidade sob um sol puro.

Não estamos sozinhos. A África, a Ásia e os povos livres de todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado de milhões de congoleses que só abandonarão a luta no dia em que não houver mais colonizadores e seus mercenários em nosso país.

Aos meus filhos que deixo para trás, e que talvez eu não volte a ver, quero que se diga que o futuro do Congo é belo e que espera deles, como espera de cada congolês, que cumpram a tarefa sagrada de reconstruir a nossa independência e a nossa soberania, pois sem dignidade não há liberdade, sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

INCAPACIDADE NA GESTÃO DA COISA PÚBLICA, FANATISMO EXACERBADO OU ARROGÂNCIA MENTAL?


Muitos de nós questionamos a tipologia de gestão e concepção do projecto Porto de Lobito & CFB. No passado 12 de Novembro de 2020 o então PCA do Porto de Lobito Celso Rosa, clarificou-nos o real estado de saúde da estrutura que dirige: mais de 50% dos equipamentos do Porto encontravam-se danificados, logo não podendo cumprir com seus compromissos. Neste sentido como é que o Porto do Lobito poderá fielmente concorrer com suas congêneres da região, como são os casos dos Portos de Daressalam, de Durban, Cap Town e Beira?

Serão efectivamente as melhores práticas na prestação de serviços que irão definir para que carregadores (portos e caminhos de ferro) os clientes vão optar... Nos dias de hoje as exigências são maiores no que diz respeito ao business portuário e ferroviário. Nem sempre a localização geográfica é prioridade na escolha do corredor à utilizar no transporte de mercadorias (no particular minerais da RDC, como : cobalto, cobre, diamantes industriais, ouro e coltan), mas sim a acção expedita dos serviços ferroviários, portuários e aduaneiros dos diferentes portos da região (Lobito, Daressalam, Durban, Cap Town e Beira) e não a quilometragem (distância a percorrer). 1) Por outra, os caminhos de ferro da região da África Austral estão todos electrificados (excepto os de Angola e Moçambique); 2) os nossos comboios, aliás locomotivas à diesel, são rudimentares e remontam desde o começo da segunda metade do século XX (são equipamentos fora de uso - lixo).

Só mesmo os sexto empíricos da nossa praça acreditam no sucesso de projecto mal engendrado e que visa apenas o enriquecimento de um grupo super identificado.